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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Não entendi...

Li um artigo genial na Veja dessa semana, onde o Gustavo Ioschpe conta que contratou um serviço de secretariado e pediu para a funcionária pegar o contato do cônsul brasileiro em Houston (EUA), ela só retornou dias depois dizendo que ninguém na Cônsul conhecia esse tal de Houston e que ela tinha até ligado para Brastemp e nada.
Não, não é piada. E não, eu não achei graça. Não ri. Achei triste, muito triste, pois esse é o nosso país, onde apenas 25% da população adulta é capaz de ler e COMPREENDER um texto como esse. O que acontece por aqui? Tanta gente na faculdade, tanta gente se formando sim, mas daquele jeito, mal e mal entendendo da sua profissão e totalmente por fora do que se passa fora do seu círculo "escola, cinema, clube e televisão".
Gente que não entende piada, que não entende ironia, que não entende um filme. Lê um livro e não consegue dizer sobre o que leu, que não é capaz de manter alguma conversação inteligente, ter uma opinião e saber defendê-la. E nem estou segregando por classes e falando das pessoas que infelizmente não tem nem comida no estômago para conseguir estudar. Estou falando ali, da classe média, de gente que se formou, estudou, papai pagou escola particular e pergunta pra mim o que achei do caminho de Santiago já que fui pro Chile. Ler a orelha do livro do Paulo Coelho não ajuda muito, principalmente porque Santiago da Compostela e o famoso caminho ficam na Espanha...
É presidente, o negócio anda feio, pois de nada adianta o crescimento ecônomico se as pessoas que constituem esse país não crescerem junto, não forem capacitadas para participar, se envolver e beber desse maná. Vamos dar bolsa comida? Ok. Bolsa escola? Ok. Agora vamos para a próxima etapa pois não adianta nada ficar na sala de aula, com profissionais não capacitados, mal remunerados, que muitas vezes também tiveram sua própria formação afetada por uma falha na sua educação.
Vamos mudar esse sistema tacanho de ensino, onde o importante é decorar fórmulas de física, ler os clássicos e saber que ano tal guerra começou. Vamos incentivar o aluno naquilo que ele tem de melhor, vamos valorizar suas habilidades, trabalhar nas suas dificuldades, abrir sua mente para esse mundo tão grande, com tantas diferenças e particularidades, transformar o aluno num ser global e inteiro.
Alguém tem que começar...
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