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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Vou-me embora para Pasárgada, lá sou amiga do Rei


Eu achei que eu fosse uma garota do interior, sabe? Assim, bem lá no fundinho eu me via morando numa casinha com jardim, bichinhos, flores, num local afastado, tranquilo, longe do trânsito, poluição e barulho.

Tudo tão lindo até que falta luz, falta água, luz de novo, os eletrodomésticos começam a pirar com a oscilação de energia, a padaria é longe, não tem banca de jornal num raio de 10 km, não tem alho poró no mercado, nem salsão, nem coentro, nem hortelã, nem cortes especiais de carne e nem filé de frango.

Delivery depois das 23:00 só em sonho. Restaurante depois das 14:30 só em sonho. Lojas abertas num sábado só em sonho. Cartório aberto no horário de almoço só em sonho.

Continuo detestando trânsito, poluição, barulho, mas mesmo que eu nunca vá pedir pizza às 4 da manhã eu me sinto mais tranquila de saber que se eu quiser, eu posso.


(...)Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade(...)

Manuel Bandeira
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